domingo, 9 de setembro de 2012

Alegria no funeral ...

Essa foi tirada assim q retornei para Moçambique.


Hoje infelizmente trago uma notícia muito triste, a Patricinha morreu no sábado por volta das 10horas... 
Este tempo que estive no Brasil compartilhamos sobre essa família, a família da Estrela, citei ela na minha última carta, contando o meu testemunho, estava passando pelo deserto. 
Nunca esperava a Patricinha morrer assim, ela tinha 10 meses, estávamos esperando ela completar 1 ano para fazer novamente o teste de HIV, pois a mãe dela é portadora e sua irmã de 5 anos também. O primeiro teste deu negativo.
Ela estava há duas semanas com febres e gripada, na quinta feira não deu para eu ir visitar ela, pois todas as quinta feiras eu visito a Estrela, tem duas semanas que não vou a casa dela, mas ela sempre vem em minha casa, sempre estamos nos vendo. Nesta quinta não encontrei com ela, me informaram que a Patricinha já estava bem, eu fiquei tranquila.
De repente no sábado recebo uma mensagem que ela morreu, nossa fiquei arrasada... ela morreu dormindo, acordou por volta das 8 da manhã, mamou e voltou a dormir, por volta das 10 horas, quando a Estrela foi reparar ela, percebeu que estava morta.
Como morreu em casa, não a levaram para o hospital, e hoje no domingo fui a casa dela para acompanhar o funeral.
Cheguei a casa dela por volta das 9:30h, o Marquinho tinha um compromisso numa igreja não pode ir comigo, fui a casa dela com uma das professoras da escolinha, a Ju e o Cadu foram com o Marquinho para a Igreja.
Quando chegamos lá a Patricinha ainda estava fora do caixão, ela estava na esteira enrolada em sua manta, todas as mulheres dentro da casa envolta do corpo, a casa bem pequena, as janelas pequenas fechadas, o corpo já estava cheirando mau, cheio de mosca dentro da casa. E eu ali junto com aquelas mulheres... uma cena inesquecível, uma cena chocante, não pela falecida somente, mas por toda aquela situação... nossa eu só sabia clamar por Jesus!
Aquele mau cheiro ainda estou sentindo, hoje não consegui nem almoçar, nem jantar, meu estomago ainda está sensível a tudo que vivi nesta manhã.
Depois o caixão chegou eles arrumaram, queriam colocar todas as coisas que a pertencia para ser enterrada junto, mas com toda sabedoria que Deus me deu naquela hora, pude falar que ela não iria precisar de nada daquilo, pode ser dado a outra criança. E eles respeitaram.
Preguei antes do cortejo, quando chegamos no cemitério li o salmo 27, quando retornamos para a casa da Estrela oramos pela família. Depois eles tiram uma oferta para a família, outros vão embora e a família ficará por 3 dias chorando. Eu fui embora depois de todos esses cumprimentos, e volto na terça feira para um culto. 
Eu nunca tinha participado de um funeral desta maneira, fiz tudo, eles me pediram... Graças a Deus eu posso dizer que estou bem, eu estou admirada com a paz que Deus me deu, pois eu amava demais essa menina, o nome dela foi uma homenagem que a Estrela fez a mim. Quando cavaram a cruz no tumulo dela “ Patricia Manuel”, eu senti Deus falar comigo. Eu era a única estrangeira no meio deles, eu estava sozinha ali... Deus falou comigo, se eu não estivesse ali , quem estaria?
A Estrela é convertida, mas a morte para o Moçambicano é coisa ainda muito forte, eles precisam ainda renunciar muitas tradições. Na hora eu pude falar com ela, não cumpre as tradições, você é uma nova criatura, não faça os rituais de morte. E Ela me respondeu sim missionária. Eu falei com ela que estaria junto com ela, mas Deus está a todo momento.
Depois eu fiquei pensando, meu Deus, “ Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”Romanos 10:14
E mais uma vez eu pude dizer para Deus, Eis me aqui senhor!
Esse povo precisa muito de Deus, e mesmo as vezes passando por crise, querendo estar no meu país, estar na minha igreja, com meus amigos, etc... eu não posso fechar os olhos e saber que o povo moçambicano pode morrer sem conhecer a Jesus!
Quando vi todas as aquelas pessoas, vi como um rebanho que estava sem pastor. E Deus falando ao meu coração. Patricia olha e vê!!! Veja alem do que seus olhos veem... e eu pude enxergar pessoas valiosas que estava sem Jesus.
Eu fiz o apelo e muitas daquelas pessoas puderam entregar sua vida a Jesus.
Estou muito feliz com Jesus, aprendi muito, graças a Deus eu estou muito bem, não me pergunte como, muitos missionários aqui ficaram preocupados comigo, pois sabiam o quanto amava essa menina, mas Deus me encheu de uma paz, que eu não entendo.
Hoje eu posso dizer que estou feliz por estar aqui em Moçambique fazendo a vontade de Deus. 

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Projeto Njira

Projeto Njira
Objetivo: Acompanhar as meninas na idade de 11 a 18 anos, através de grupo de discipulado, ensinar a fazer artesanato com materiais locais, afim de dar oportunidade de ter uma renda para continuar a estudar. E conscientizar as meninas e seus familiares que o casamento prematuro não é a melhor opção para independência financeira dos pais. Estaremos combatendo o casmento prematuro, proliferação do HIV e motivando-as a uma carreira acadêmica. Njira é uma palavra em dialeto massena que significa caminhos.

Associação Comunitária Vinde

É uma associação sem fins lucrativos que visa o bem estar das crianças, atuamos na comunidade do Mandruzi - Dondo, onde estamos construindo nossa sede.

43% das crianças de 0-5 anos sofrem de desnutrição crónica.

53% da população bebe água de fontes melhoradas .

39% da população ainda pratica a fecalismo a céu aberto.

Moçambique tem a 8ª prevalência de HIV mais elevada do mundo.

Dois estudos mais recentes, que tiveram lugar em zonas seleccionadas do Centro e do Norte do país, confi rmam que o grau de aprendizagem é muito fraco.

Metade das crianças menores de 5 anos ainda não estão registadas, o que representa uma violação nítida de um dos mais básicos direitos humanos.

Moçambique tem uma das taxas de casamento prematuro (de menores de 18 anos) mais altas do mundo, violando um dos direitos de protecção mais fundamentais (e violando também a lei moçambicana).

http://sitan.unicef.org.mz/files/UNICEF_FULL_Situacao-das-Criancas-em-Mocambique_Portugues.pdf

E por isso e por outros motivos que estamos atuando em Moçambique, os dados nas zonas rurais são piores.
A nossa organização ainda contribuem com o governo no avanço de medidas preventivas para combater o HIV, malária e outras doenças prevenivéis.

Juntos somos mais forte!

Quer saber mais sobre a nossa organização?
Contato: matriju@hotmail.com

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