sábado, 16 de abril de 2016

VINDE ...

Moçambique é um país da África austral com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do mundo. Há incontáveis deficiências em áreas fundamentais como saúde, educação e saneamento; todavia, mesmo com tantos desafios e limitações é possível reconhecer nos olhos do povo uma força e uma alegria singulares.
Mais de 70% da população moçambicana vive na área rural e o ensino pré-escolar ainda não é obrigatório. É visível a dificuldade de aprendizado das crianças nas classes iniciais, elas não têm acesso aos meios de comunicação e em muitas comunidades não há energia elétrica.
As crianças são expostas a vários tipos de privação e violência. Muitas não conseguem avançar nos estudos, e veem pouca ou nenhuma possibilidade de conseguirem chegar à universidade e se desenvolverem profissionalmente.
Além de todos os fatores sociais que pressionam a criança moçambicana para fora da escola, ainda há mais uma barreira: a língua. No contexto familiar a comunicação acontece por meio de dialetos e ao serem matriculadas na escola, aos seis anos de idade, as crianças se deparam com todo o material didático em português e os professores não recebem o preparo adequado para auxiliar as crianças no processo de transição da língua. Ao apresentarem fortes dificuldades de aprendizado e sem o apoio de profissionais especializados, a criança desiste de ir à escola, e o índice de evasão escolar extrapola os limites aceitáveis.
Ainda bem pequenas as crianças começam a acompanhar seus pais até as “machambas”, áreas de cultivo para a subsistência da família. As plantações geralmente ficam distantes das casas. Todos os filhos devem ajudar na lavoura e o irmão mais velho deve cuidar do mais novo e assim as crianças são cuidadas umas pelas outras sem a ajuda de um adulto, o que acarreta inúmeros acidentes domésticos.
A maioria dos pais não prioriza a frequência dos filhos na escola. A baixa expectativa de vida do povo moçambicano leva-os naturalmente a se preocupar mais com a sobrevivência, e por isso a ajuda dos filhos na plantação é tão importante.
Os desafios são enormes e não faltam motivos para que as crianças deixem a escola ou mesmo nem cheguem a se matricular, porém Deus com todo o seu amor é capaz de levar esperança para esses pequeninos. A Escola Comunitária Vinde, é uma missão cristã com foco na evangelização de crianças e adolescentes por meio da educação infantil e do esporte.
A Escola Comunitária atende crianças em idade pré-escolar (3 a 5 anos). Há um esforço do governo do país para implantar o sistema de estudo para crianças nessa faixa etária, mas ainda há muito por fazer diante da demanda social, especialmente na zona rural.
Outro trabalho desenvolvido pela Escola é o reforço escolar oferecido para crianças que transitam para o ensino primário (entre 1ª e 4ª série). Nessa fase há muitas crianças com dificuldade para ler e escrever. O projeto fornece alimentação adequada, apoio médico e acompanhamento familiar, portanto toda a família pode ser alcançada e beneficiada.
O esporte, especialmente o futebol, é outra oportunidade de gerar pontes. Assim, a Escola também oferece aulas de futebol para meninos com idade entre 9 e 17 anos, fase em que muitos deles já se encontram fora da escola. Parte deles já estão casados e têm filhos, mesmo sem formação profissional e condições básicas para sustentar a casa. Outros já estão mergulhados no alcoolismo e na prostituição.
A Escola é um ambiente propício para que eles aprendam o valor da disciplina a partir do esporte. Esse acompanhamento ajuda muitos deles a refletirem sobre suas escolhas. Por meio do esporte alguns deles conseguem se mudar para outras cidades e fazer cursos profissionalizantes.
Em 2016 o grande desafio é a estruturação da sede da Escola. O projeto visa a construção de três salas de aula, uma secretaria, uma cozinha com refeitório, banheiro e uma sala para aulas de artesanato. As paredes das salas de aula já foram levantadas e sempre que oramos o Senhor nos leva a perseverar e continuar trabalhando para a conclusão da obra. Sempre que que somos tentados a desistir lembramos das palavras de Paulo: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados [...]” (2 Co 4.7-8). Cristo nos fortalece, é por Ele que devemos permanecer amando e trabalhando em prol do avanço do Reino.
Todos os dias realizamos um culto com as crianças, e vê-las aprendendo a orar, buscando em primeiro lugar o Reino de Deus é algo impagável. Esse é o objetivo de todo e qualquer esforço: a manifestação de Cristo por meio da nossa vida. Nele encontramos forças para superar todos os problemas sociais que testemunhamos diariamente. Jesus é a verdadeira esperança!



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Projeto Njira

Projeto Njira
Objetivo: Acompanhar as meninas na idade de 11 a 18 anos, através de grupo de discipulado, ensinar a fazer artesanato com materiais locais, afim de dar oportunidade de ter uma renda para continuar a estudar. E conscientizar as meninas e seus familiares que o casamento prematuro não é a melhor opção para independência financeira dos pais. Estaremos combatendo o casmento prematuro, proliferação do HIV e motivando-as a uma carreira acadêmica. Njira é uma palavra em dialeto massena que significa caminhos.

Associação Comunitária Vinde

É uma associação sem fins lucrativos que visa o bem estar das crianças, atuamos na comunidade do Mandruzi - Dondo, onde estamos construindo nossa sede.

43% das crianças de 0-5 anos sofrem de desnutrição crónica.

53% da população bebe água de fontes melhoradas .

39% da população ainda pratica a fecalismo a céu aberto.

Moçambique tem a 8ª prevalência de HIV mais elevada do mundo.

Dois estudos mais recentes, que tiveram lugar em zonas seleccionadas do Centro e do Norte do país, confi rmam que o grau de aprendizagem é muito fraco.

Metade das crianças menores de 5 anos ainda não estão registadas, o que representa uma violação nítida de um dos mais básicos direitos humanos.

Moçambique tem uma das taxas de casamento prematuro (de menores de 18 anos) mais altas do mundo, violando um dos direitos de protecção mais fundamentais (e violando também a lei moçambicana).

http://sitan.unicef.org.mz/files/UNICEF_FULL_Situacao-das-Criancas-em-Mocambique_Portugues.pdf

E por isso e por outros motivos que estamos atuando em Moçambique, os dados nas zonas rurais são piores.
A nossa organização ainda contribuem com o governo no avanço de medidas preventivas para combater o HIV, malária e outras doenças prevenivéis.

Juntos somos mais forte!

Quer saber mais sobre a nossa organização?
Contato: matriju@hotmail.com

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