Moçambique é um país da África
austral com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do mundo. Há
incontáveis deficiências em áreas fundamentais como saúde, educação e
saneamento; todavia, mesmo com tantos desafios e limitações é possível
reconhecer nos olhos do povo uma força e uma alegria singulares.
Mais de 70% da população
moçambicana vive na área rural e o ensino pré-escolar ainda não é obrigatório. É
visível a dificuldade de aprendizado das crianças nas classes iniciais, elas
não têm acesso aos meios de comunicação e em muitas comunidades não há energia
elétrica.
As crianças são expostas a vários
tipos de privação e violência. Muitas não conseguem avançar nos estudos, e veem
pouca ou nenhuma possibilidade de conseguirem chegar à universidade e se
desenvolverem profissionalmente.
Além de todos os fatores sociais
que pressionam a criança moçambicana para fora da escola, ainda há mais uma
barreira: a língua. No contexto familiar a comunicação acontece por meio de dialetos
e ao serem matriculadas na escola, aos seis anos de idade, as crianças se
deparam com todo o material didático em português e os professores não recebem
o preparo adequado para auxiliar as crianças no processo de transição da língua.
Ao apresentarem fortes dificuldades de aprendizado e sem o apoio de
profissionais especializados, a criança desiste de ir à escola, e o índice de
evasão escolar extrapola os limites aceitáveis.
Ainda bem pequenas as crianças
começam a acompanhar seus pais até as “machambas”, áreas de cultivo para a
subsistência da família. As plantações geralmente ficam distantes das casas. Todos
os filhos devem ajudar na lavoura e o irmão mais velho deve cuidar do mais novo
e assim as crianças são cuidadas umas pelas outras sem a ajuda de um adulto, o
que acarreta inúmeros acidentes domésticos.
A maioria dos pais não prioriza a
frequência dos filhos na escola. A baixa expectativa de vida do povo
moçambicano leva-os naturalmente a se preocupar mais com a sobrevivência, e por
isso a ajuda dos filhos na plantação é tão importante.
Os desafios são enormes e não
faltam motivos para que as crianças deixem a escola ou mesmo nem cheguem a se
matricular, porém Deus com todo o seu amor é capaz de levar esperança para
esses pequeninos. A Escola Comunitária Vinde, é uma missão cristã com foco na
evangelização de crianças e adolescentes por meio da educação infantil e do
esporte.
A Escola Comunitária atende crianças
em idade pré-escolar (3 a 5 anos). Há um esforço do governo do país para
implantar o sistema de estudo para crianças nessa faixa etária, mas ainda há
muito por fazer diante da demanda social, especialmente na zona rural.
Outro trabalho desenvolvido pela
Escola é o reforço escolar oferecido para crianças que transitam para o ensino
primário (entre 1ª e 4ª série). Nessa fase há muitas crianças com dificuldade
para ler e escrever. O projeto fornece alimentação adequada, apoio médico e
acompanhamento familiar, portanto toda a família pode ser alcançada e beneficiada.
O esporte, especialmente o
futebol, é outra oportunidade de gerar pontes. Assim, a Escola também oferece
aulas de futebol para meninos com idade entre 9 e 17 anos, fase em que muitos
deles já se encontram fora da escola. Parte deles já estão casados e têm filhos,
mesmo sem formação profissional e condições básicas para sustentar a casa.
Outros já estão mergulhados no alcoolismo e na prostituição.
A Escola é um ambiente propício
para que eles aprendam o valor da disciplina a partir do esporte. Esse
acompanhamento ajuda muitos deles a refletirem sobre suas escolhas. Por meio do
esporte alguns deles conseguem se mudar para outras cidades e fazer cursos
profissionalizantes.
Em 2016 o grande desafio é a estruturação
da sede da Escola. O projeto visa a construção de três salas de aula, uma
secretaria, uma cozinha com refeitório, banheiro e uma sala para aulas de
artesanato. As paredes das salas de aula já foram levantadas e sempre que
oramos o Senhor nos leva a perseverar e continuar trabalhando para a conclusão
da obra. Sempre que que somos tentados a desistir lembramos das palavras de
Paulo: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do
poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desanimados [...]” (2 Co 4.7-8). Cristo nos
fortalece, é por Ele que devemos permanecer amando e trabalhando em prol do
avanço do Reino.
Todos os dias realizamos um culto
com as crianças, e vê-las aprendendo a orar, buscando em primeiro lugar o Reino
de Deus é algo impagável. Esse é o objetivo de todo e qualquer esforço: a
manifestação de Cristo por meio da nossa vida. Nele encontramos forças para
superar todos os problemas sociais que testemunhamos diariamente. Jesus é a
verdadeira esperança!
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